Em O Pior Filme da Semana : “ Orgulhosa e Preconceituosa sim senhor!”

“It’s a nice night. On this kind of night I crave for… a good movie!”

Pois ia eu toda pimpona para ver o Mr. Darcy, nesse grande clássico da Jane Austen, Orgulho e Preconceito, toda feita para me derreter com aquele protótipo impossivelmente frio de homem que trata as gajas que nem lixo (ao que parece é disso que a malta gosta) quando dou por mim rodeada por 10 miúdos do 9º ano que pareciam drogados, duas velhas excitadas um bocadinho demais para a idade delas e umas senhoras nos seus 40 atrás de nós que riam muito alto, provavelmente porque ao lanche andaram a carregar no tinto, enquanto no ecrã à minha frente passava um dos filmes mais insossos dos últimos tempos.
Tenho que admitir que nunca li o livro da Jane Austen, porque provavelmente adormecia e que a série do Orgulho e Preconceito é especialmente interessante porque o Colin Firth anda constantemente para cá e para lá de camisa aberta, todo molhado (embora a minha cena favorita seja mesmo aquela em que ele está todo chateadinho a escrever uma carta à vaca da Lizzie e com aquele ar de “Ai Deus me acuda, ai que isto me queima todinho por dentro, ai que transpiração, ai Nossa Senhora me ampare que me estou a engasgar no meu próprio orgulho”.).
A verdade é que o meu interesse era no Mr. Darcy. Seria este Mr. Darcy melhor que o seu antecessor? Haveria um choque de titãs? E andará este também todo molhado a toda a hora? Questões e mais questões que me assaltavam a mim e a outras membros do kuarteto (Cc e Maria das Patacas, nomeadamente).
Pois bem este Mr. Darcy nem que se esforçasse era metade do outro (até na idade ele parecia ter metade. E provavelmente tinha) e como ele se parecia estar a esforçar! Andando e falando como quem tem uma baguete entalada na garganta (e não um pepino entalado no cu, como o outro Mr. Darcy) andava por ali a passear-se com os seus olhos azuis enquanto fazia uma difícil competição com um Mr. Wickam, que parecia um irmão loiro do Orlando Bloom, e que deixou as velhotas ao nosso lado em brasa. Ao menos esta Lizzie não provocava instantaneamente vontade de vomitar como a outra (embora essa não seja a opinião da Maria das Patacas.) e a Jane não parecia um cisne atropelado… As irmãs eram todas tão parecidas que nunca me lembrava de quem era quem. A mãe e o pai delas eram simpáticos. Gostei deles. Acho eu. E como esquecer o Mr. Bingley! Com a sua poupa ruiva! A melhor coisa do filme todo! Com aquele ar de pachoné, de quem devia ter sido afogado à nascença.
O filme decorria como a missa decorre. O texto do costume, a conversa do costume e a malta a ver se não adormece entretanto que tanto dormir no cinema como na igreja fica muito mal.
O realizador deste filme parece ter-se esforçado ao máximo por tornar toda a gente agradavelmente bonita e até o Mr.Collins que devia de ser o primo nojento era simpático como o coelho da Páscoa. E claro! A inevitável cena à chuva. Segundo as minhas colegas de blog o senhor realizador também pareceu decidir que todas as cenas que na outra série eram dentro de casa agora eram cá fora e vice-versa. Deve ter sido para nos dar aquela sensação de… novidade! Pois, claro.
No fim do filme fiquei com aquela sensação irritante de que tinha acabado de pagar 5 euros por um pacote de bolachas de água e sal… fora de prazo.
As velhotas classificaram o filme como "maravilhoso! tens de vir ver" enquanto falavam com não sei quem ao telemóvel. Acho que isso é pista suficiente para adivinhar a qualidade do folhetim. É argumento para o tempo delas. Muita conversa e pouca acção e tudo na base do respeito. A malta hoje em dia quer é ser desrespeitada, francamente!

CHESB