domingo, julho 03, 2005

Números, números, números, números...

Já alguém reparou nesta nova mania dos canais televisivos de não darem horas certas para nada?
Antigamente os programas tinham horas certas para dar. Um “Tv Rural” daria às 16:30 e um “Um, Dois, Três” às 21:45. Mas hoje temos um “Herman Sic” Domingo à noite e um “ Um contra todos” depois do Telejornal.
A Sic é particularmente boa nesta actividade de falsear horários.
Na passada quinta-feira o programa “Gato Fedorento” estreou na SIC generalista numa coisa apelidada de “especial Gato Fedorento” (especial? Bem das duas uma: ou não está para durar ou vai andar a saltar de dia em dia sem horário fixo só porque sim e porque a SIC quer mostrar o Gato Fedorento, finalmente. Pois, agora que eles já estão lançados também eu. Apostar em formatos novos quando eles estão a nascer nem pensar. Já depravá-los quando eles estão crescidinhos…). Segundo a informação horária estrearia “à tarde". Depois mais especificamente às “18:50”. Mais tarde seria às “19:00”. Chegou uma altura em que eram 19:15 e no rodapé da SIC informavam muito entusiasmados: “ GATO FEDORENTO, JÁ A SEGUIR ÀS 19 HORAS.”
Ora eu aqui tenho de desconfiar… mas como é a SIC estou certa de que eles regressaram no tempo e que eram efectivamente 19 horas quando o programa começou. Afinal que provas tenho eu do contrário? Não estava olhando para o relógio quando começou! Porque lembrem-se crianças… a televisão é amiga. E se perdermos 20 minutos de anúncios ao Cilit Bang! à Vodafone e à Sagres ainda ficamos com a vida feita num oito… é até capaz de ficarmos com o organismo todo desregulado! E como não tínhamos visto o anúncio do Bífidos Activo da Danone estávamos fodidos.
Acho que o único canal pelo qual ainda podemos remotamente acertar as horas é a 2:, que dá o “Sete Palmos de Terra” às 10:30 e só se atrasa por uns 2 ou 3 minutos (às vezes 5! AI!) …
Ao menos na hora dos jornais concordam(mas só na de início) … ah e nas horas dos funerais transmitidos em directo.

A bem ver esta coisa dos números é talvez como Vítor Constâncio a encara. É tudo relativo.
Vejam bem… 1+1 = 2 Certo?

ERRADO.

É relativo. Porque 1+1 pode ser 3 desde que seja uma gralha e não um erro… Logo 6.83 e 6.72 podem eventualmente (e são segundo o relatório do défice) ser a mesma coisa. Já li várias explicações para o porquê da manutenção deste número, que parece assentar num erro de somatório… Confesso que de contabilidade pouco percebo e que não estou familiarizada com as “cativações”(ao que parece as malvadas responsáveis por esta confusão contabilística toda) que segundo percebi são: dinheiro que o Estado tem para gastar, segundo o orçamento, mas que não gasta pois só deve ser usado em casos especiais, autorizados pelo Ministro das Finanças, mas que afinal sempre gasta, o malandro.
Confusos? Somos dois… mas temos que nos conformar porque afinal de contas eu e a maioria de vós ainda somos do tempo em que 1+1 = 2. Eles já são malta muito à frente. Vê-se logo pelo modo “cool” como o Vítor Constâncio abana as sobrancelhas… Já o estou a ver no ecrã gigante de plasma da minha memória, a repetir até à exaustão “6.83! Não é cá 6.8. 6.83!" (será que dava um bom Rap?) e agora… feitas as contas afinal décimas não são assim tão importantes e talvez fosse do interesse nacional que a questão do défice fosse abordada de uma forma mais corriqueira e descontraída:

- Então de défice estamos como Constâncio?
- Eh pá tamos em cerca de +/ – aí por volta de uns quantos e mais uns…
- Ainda no buraco então?
- Eh pá man é … Ya. Ainda.

Humanisticamente falando... CHESB