domingo, outubro 29, 2006
Vai ser Natal, vai ser Natal, sininhos de luz...
Começo a compreender esta vontade enorme de nos impingirem o Halloween. Sempre tinham qualquer coisa para enfiar ali antes do Natal.
Não tarda nada os talhantes juntam-se aí para nos impingir também o Dia de Acção de Graças. Ou, quem sabe, os fabricantes de fogos de artificio preferiam o 4 de Julho?
Os nossos feriados são chochinhos pá, não dão para o pessoal vender nada.
CHESB
sexta-feira, outubro 27, 2006
10 passos "mágicos" para fazer um livro fantasy rentável III
Parte I
Parte II
5 – A missão (também conhecida como quest).
A grande missão normalmente pertence ao nosso herói/na. Os outros membros da party são meros assistentes no cumprimento da mesma. O papel importante cabe ao herói. Ele é que tem de matar o mau da fita, ele é que decide, ele é que é o”the one”, ele é que manda naquilo tudo. Está ungido pelos deuses, logo vale claramente mais que os outros membros. A missão normalmente não é matar o vilão. O que sucede é que para a missão se cumprir o vilão tem de morrer. Porquê? Porque o vilão é daquelas pessoas que se mete em frente de ambulâncias em serviço de urgência. Ou pelo menos é isso que o herói vê.
Assim, o que acontece é que o herói está ali para fazer uma cena que é precisamente o contrário da cena que o vilão quer fazer. Ora se o vilão achar por bem redecorar a sua casa com papel de parede com palmeiras azuis o herói vai achar nesse gesto hediondo causa para chegar lá e arrebentar-lhe com as paredes todas à espadada porque o acto aos seus olhos justos e puros é imoral.
Normalmente o vilão quer fazer coisas ainda mais idiotas como destruir o mundo, conquistar o mundo, vender o mundo ou até cozinhar e entregar para fora o mundo. Mas já lá vamos.
Voltando à missão. Podem escolher coisas de início aparentemente insignificantes como ajudar velhinhas a atravessar passadeiras, recuperar artefactos perdidos, resgatar criancinhas dos braços de pedófilos ou princesas dos braços de velhos babões, obviamente lacaios ou ocupantes da agenda telefónica do vilão. Assim, estas pequenas coisas acabam sempre por se revelar interligadas com a grande missão cósmica, reservada para o heroi e descambar em grandes confusões que a party do herói em conjunto consegue resolver após páginas e páginas e páginas de engonhar e doloroso auto-descobrimento.
Aliás, sugiro ainda uma técnica fantasy praticamente infalível, bastante apreciada no meio dos desenhos animados: missões personalizadas.
Cada missão dessa menores serve para um dos membros da party aprender algo sobre ele mesmo e andar com a sua vidinha para a frente. Por exemplo, o sarcástico. Numa missão qualquer envolvendo solventes, sacarose e a prisão de todos os outros membros do grupo é requerido do sexy sarcástico que os salve. Relutante, lá os salva e acaba por descobrir que afinal até gosta de pessoas mais ou menos e provar ao grupo que é melhor do que eles todos juntos e mais um pacote de pistachios. Para além de que ganha um importante trunfo que mais tarde poderá usar para atirar à cara de quem o chateie ou caso se descubra que ele anda a tirar dinheiro do fundo de maneio do grupo para comprar SG Light.
Este esquema simples mas eficaz resulta com todas as personagens secundárias.
O herói e o vilão normalmente estão ocupados demais para histórias menores de auto-descobrimento. O vilão porque anda a trabalhar no seu monólogo do mal, onde nos conta toda a sua terrível historia e o herói porque anda maluco atrás da pachacha e/ou (isto nunca se sabe) pila do interesse romântico, coisa que é sempre difícil de apanhar a meio do livro.
O vilão pode ser uma de duas coisas: irresistível ou hediondo. Feita esta escolha, devemos salientar que é invariavelmente louco. Porquê? Porque as pessoas más, seja em que género de entretenimento for, são sempre loucas e, e isto é muito importante, mais tarde ou mais cedo acabam por demonstrá-lo.
Ora o vilão irresistível tem esta “sexieza” inerente mas com os cornos apenas como acessório opcional. Não é apenas bonito mas de uma beleza paralisante e divina, qual Adónis ao cubo, que deixa toda a gente maluca. Especialmente as mulheres. Dão-se preferência a cabelos pretos ou brancos e olhos muito claros. Azuis, se ele for de olhar gélido e cruel, verdes, se ele for de olhar abrasador e destruidor.
Depois é poderoso. Não à Gandalf ou à Mr. T mas à seria!
Um poder divino que vai desde matar seres com um olhar até fazer fortuna na bolsa de valores. O homem é demais. É tudo de bom. Ou melhor, tudo de mau.
Em termos de personalidade variará consoante a vossa vontade mas usualmente diz tudo o que lhe apetece (insultar os parentes mortos do herói/na resulta muito bem) com um riso caloroso e ligeiramente malévolo ao fim de cada frase (“fon fon fon”, tal e qual). Manda em tudo o que se mexe e o que não se mexe é porque ele mandou não se mexer. É inteligente, quase sábio.
Parece ter um feitio tolerante até certo ponto mas tem a mesma aura perigosa que os gatos têm. Uma serenidade falsa que aumenta precisamente antes de te saltarem em cima e te rasgarem a fronha toda com as garras. É muito comum passar-se quando ninguém está à espera, portanto. Alguém mandou um piropo à sua prima em terceiro grau ou esqueceu-se de recarregar o seu PEZ e de repente está tudo a explodir e a arder! É preciso cuidado.
No meu entender era de valor que este género de vilão seduzisse o interesse romântico do herói, dando-se uma bela salganhada mexicana, mas não é recomendável visto dar muito trabalho do ponto de vista de desfecho e selo de garantia de castidade da gaja.
Herói que é herói não come o que, segundo ele, já foi (tão bem) mastigado por outro.
Hum, relendo aqui o escrevi até agora, soa ligeiramente pró vilão… Que estranho.
Exemplos que me ocorrem agora deste género de vilão são o Drácula ou os vilões/vilãs (Who the hell can tell the difference?!) das Navegantes da Lua.
CHESB
quarta-feira, outubro 25, 2006
Dia dos mortos para os vivos.
"- Maria, atesta até cima que vamos à Caparica! Traz o farnel e não te esqueças da farinheira!
- Mas 'tá a chover Manel...
- Quero lá saber! Até podia 'tar a nevar! A mim ninguém me tira a praia! Mexe-te ou levas com o cinto! As coisas que um trabalhador honesto tem de aturar quando exerce os seus direitos... Isto só neste país de merda, realmente! Epá este teu filho nem fôlego tem para encher uma bóia! Dá cá isso puto! "
CHESB
terça-feira, outubro 24, 2006
Handicap
Como vocês sabem, eu sou uma espectadora assídua de tudo o que diga respeito aos Morangos com Açúcar, fonte infindável de parvoíce e lixo mental tóxico.
Assim, pensaram com certeza, quando deram de caras com este recente Clube Morangos, na TVI, “amanhã vou a fugir ler o blog daquelas malucas porque certamente vem lá uma critica completa e cheia de opiniões pessoais inusitadas, que coincidem completamente com as minhas, embora secretamente deseje a Diana Chaves e/ou o Angélico”.
Pois é com muita pena que vos desiludo meus maravilhosos leitores (já começo a soar como aqueles psicólogos da Ana mais atrevida ou então o Almeida Garrett…) porque posso afirmar, da segurança precária da minha sanidade, que a TVI conseguiu inventar um programa que não consigo ver.
O horror, o drama!
Eu bem vos queria falar do vocabulário reduzido, dos temas idiotas, dos gritos das adolescentes borbulhentas pelo traseiro do Angélico ou da falta de talento dos apresentadores mas não posso. Para ver um programa foi uma tortura horrível. E aquilo só tem meia-hora. É que foi-me simplesmente impossível suportar aquilo. É como aquele outro do milionário, que afinal não é milionário. Se bem que esse não vi mais que um par de segundos…
Portanto, é com mágoa que deixo para outra das minhas colegas talvez, essa árdua tarefa de ver mais Clube Morangos e partir aquilo tudo ao pontapé por mim. A TVI venceu desta vez. Malditaaaaaaa!
quarta-feira, outubro 04, 2006
Eu cá sou natural do Algarve e tu?
Vamos lá a saber uma coisa, existe alguma cidade chamada Algarve, cuja a existência os algarvios desconheçam?
Deve haver certamente, porque os telejornais portugueses referem-na muito.
Portanto um cano rebentou em Cinfães mas se for aqui em Olhão é “no Algarve”. Uma peça vai estrear no D. Maria, se for aqui é “no Algarve”...
O que é isto de no Algarve?! Barlavento? Sotavento? Lagos? Portimão? Faro? Freguesia de Quelfes? De Loulé?
Será que nos mapas a que os jornalistas têm acesso não existem cidades, nem aldeias, nem vilas no Algarve? Só existe uma grande palavra a atravessar o território que diz “ALGARVE”?
Aliás porque é que não passam a referir-se à nossa região como simplesmente “lá em baixo”? Ai espera isso eram duas palavras a mais...
Cada vez que vejo e oiço a Clara de Sousa a dizer “no Algarve” dá-me vontade de lhe dar uma chapada na cara! Qual Algarve? O que é isso de no Algarve?! Hã? HÃ?! Portanto as coisas ocorrem ali mais ou menos naquela zona entre Sagres e Castro Marim é?
Só existe uma situação em que os jornalistas especificam o local de que a notícia trata: praia! Quando é para falar de praia já interessa saber o que é onde.
Não sei se as outras pessoas das outras terras, que têm direitos de menção, reparam nesta idiotice mas se não reparavam tentem reparar agora. Portanto hoje o Francis Obikwelu veio ao Algarve... Mas veio onde?! Bem, podemos excluir Olhão que eu por aqui não o vi. Já só falta mais uma centena de terras agora...