A minha vida dava uma telenovela rasca da TVI

Alguma da malta da Quinta das Celebridades resolveu lançar as suas respectivas biografias. Não, não estou a falar dos animais, se bem que estes teriam concerteza uma vida mais interessante para relatar. Eu estava a falar de gente como a Mónica, a Ana Maria Lucas e o Alexandre Conjunto de Navios (ahá, belo trocadilho, que para quem não percebeu passo a explicar: Frota = Conjunto de Navios!!) - vá, agora podem-se rir. Prontos, não se esforcem...

A verdade é que, pelos vistos, esta gente tem uma vida interessante que merece ficar por escrito. Eu, cá para mim, parecia-me que eles nem vida tinham, quanto mais uma vida interessante mas, quem sou eu, quem sou eu para julgar a vida alheia? Ou talvez seja alguém... Por isso mesmo, dei-me ao trabalho de fazer um post sobre as biografias que têm lançado. É claro que obras tão importantes como estas, com um peso tão importante para a cultura portuguesa, não nos podem passar ao lado. Quer dizer, foi mais ou menos assim que eu tive conhecimento delas: ia andando e passei-lhes ao lado! (digam-me lá se eu não tenho jeito para esta coisa dos trocadilhos) - pensando melhor, não, não me digam. É que eu vi-as numa montra de uma papelaria cá na terrinha do K1111 e, nesse instante, preenchi a minha cabeça com uma perspectiva do que é que essa malta poderia ter escrito na sua biografia.

No caso da Mónica, creio que a sua biografia deve começar com a sua apresentação uma vez que, quase ninguém a conhece. Era qualquer coisa do género: "Props fofo leitor. Eu xou a Mónica (quer dizer, quem está a escrever isto não é a Mónica. É um senhor menos burro mas bastante estúpido, uma vez que escreve como ela fala, e que se deu ao trabalho de escrever isto por ela que, coitadinha, é burrinha demais e mal sabe escrever o seu nome). Ñ sabe kem eu xou? Oh pá, eu xou a Mónica, akela garina da Quinta das Pexoas Famozas. Tb canto, danço e, ahm, danço n1 grupo de outras damas. Ao td samos 3 - eu já sei contar até 5 - e samos as Delirum, uh! Já m conheces? Ñ? Ah, recentem/ eu estive na Quinta do PPL conhecido. Há kem m tnh canfundido c 1a mula pq nunca falava e pq tnh 1a ganda crina mas, tcharam, eu tb sou pessoa e tnh sentimentos, tá? - seja lá o que isso for..." E daqui para a frente o cenário imagina-se. Assim se explica o boato que corre de que este livro tem mais de 100 páginas. Não admira, não é: a miuda leva montes de tempo a apresentar-se, ao que se junta muito provavelmente, montes de fotografias suas, de todos os perfis imagináveis porque a miuda parece-me vaidosa como tudo e, não menos ponderável, letra de tamanho 30 e um anexo com os números de telemóvel de todos os gajos com que já foi para a cama.

Se ficram encantados com a biografia da Mónica, imaginem lá como é a da Ana Maria Lucas. Esta por sua vez como já tem muitos anos em cima - muitos mesmo-, justifica-se as muitas páginas no livro que na sua maior parte deve ter excertos do diário da Miss Portugal Pré - História - um tempo tão antigo mas, tão antigo, que ainda só havia poeira. Excertos como estes: "Pois é, estou tão contente. Hip hip hurra. Iéééé´(cara enfadonha), ganhei o concurso de Miss Portugal Pré-História. Rejubilo. Alegria. Lá desejei paz no mundo e que acabasse a guerra em África e, viva, ganhei..."; "A minha vida amorosa resume-se a isto: casei com um cantor, tive um filho cantor e nunca fui cantora porque o tabaco dá-me cabo dos pulmões."; "Hoje fumei 4 (cof) maços de tabaco"; "Hoje fumei 6 maços e (cof, cof) meio de tabaco ao mesmo tempo que arrancava ervas das couves (cof). Mais tarde fiz dessas ervas (cof) uma bela duma ganza (cof)"; "Cof, cof, cof, aquela bicha que anda para aí (cof) está a enervar-me como tudo (cof). Eu até (cof) lhe dava um pontapé nos tomates (cof), era só preciso ele tê-los (cof)"...

E a biografia do Alexandre Frota (a pedido de muitas famílias, eu prometo que já não faço aquele trocadilho piroso)? Essa pode dividir-se em duas partes: antes e depois da Quinta das Celebridades.

Antes: "Acordei, me vesti, cheguei ao estúdio das Produções Ediberto Lima, me despi, dei umas tapas na enfermeira, gritei "Aí sim, toma", me vesti, saí para jantar com a garota da produção, ela durante o jantar foi para debaixo da mesa e eu, show de bola, gritei "Aí sim, gostoso"; "Acordei e percebi que tinha mais uma tatuagem a dizer "Amore di mahé", me vesti, fui para o estúdio, dei mais umas tapas no bumbum das garotas, gritei "Ai sim, é agora!" e por ali fiquei".

Depois: "Puxa que aquela bicha é que é: Aí sim é gostoso!"; "Ordinhei a vaca, limpei a merda dos porcos, fui à Ana Afonso, apanhei as ervas daninhas e pus água na banheira pó Condi". É show de bola cara!

Agora só falta a biografia desa figura central que é José Castelo Branco. Esse ou essa, é que terá muitas coisas para contar - que sinceramente não me interessam nada- mas, que podem contribuir para a felicidade das peixeiras do mercado do Bolhão. Concerteza vai ser bom para elas ler coisas como: "Antes eu era mulher, hoje sou mulher"; "Ai que isto aqui são só bichas"; "Ai, aquele brasileiro põe-me louco. Ai escravo."; "Não me contive e, ai, fui ao cavalo"; "Aquela miss pré-história vai levar no focinho, ai"; "Ai Óscar, lambe o dono, lambe, ai..."; "Ai pindérica desta caneta que está a falhar"; "Ai pai nosso que estás no céu, santificada seja a Channel, venha a mim os diamantes da Betty e sacia-me a tentação do brasileiro. Amém, ai"; "Ai, ouçam seus pebleus, o pensamento do dia é: no coração ficam grandes marcas do amor. No cu também", entre tantas outras.

E depois disto e de saber que existe uma escola de samba de seu nome "Bota no Rêgo", mais palavras para quê?

Xuphia