sábado, setembro 03, 2005

Gente que é gente, em Portugal, opina.

Ao passar uma vista de olhos pelos meios de comunicação portugueses damo-nos conta de uma obsessão nacional: opinar.
Inspeccionando, por exemplo, o Expresso ficamos com sensação que alguém, algures, na redacção, se esqueceu da função informativa do jornal e o transformou num muro das lamentações.
Desde Inês Pedrosa a Mário Soares, passando por Castelo Branco, Eduardo Prado Coelho e Pacheco Pereira (este até sobre as pragas dos brócolos deve ter opinião…) acabando no Mourinho, no Marcelo Rebelo de Sousa e, olha pois, em nós, toda a gente tem opinião e a mania que tem o direito de a andar por aí a dar.
Perdeu-se o hábito salutar que se cultivava no antigamente, em tempos de D. Afonso Henriques ou Salazar, de fazer primeiro e opinar depois… às escondidas. Ou opinar abertamente por sua conta e risco… Mas ao menos fazia-se mais do que se falava. Batia-se na mãe, fundava-se um reino e ouvia-se opiniões depois. Havia acção! Movimento! A malta não era “so plastic, so static”!
Agora fazem-se comissões para “opinar” à cerca da Administração Pública durante 10 meses. Se é por falta de opinião não seja por isso! 10 meses? Já há 10 anos que andamos a opinar sobre a Função Pública! Eu até já estava convencida de que não havia opiniões novas possíveis a dar…
É por estas e por outras e por causa da mania dos direitos que me deparo no quiosque com um ex-morango com açúcar a dar, no “Tal e Qual” (cheio de opiniões também, nem sempre tal e qual as coisas se passaram...), o que ele julga ser uma opinião cheia de direitos a um membro dos DZRT (estes não há direitos de autor que os parem) que rezava assim “Eu não sou racista, ele é que tem o azar de ser preto.”
Obviamente o sistema das opiniões não está a resultar… Há que mudar para outro. Eu cá voto no sistema das execuções! E vocês amiguinhos?!
CHESB

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