É este o nome da nova e fantástica telenovela desse maravilhoso canal que é a TVI. Imagino que, depois desta notícia, tu jovem que te dás ao trabalho de ler este artigo, deves estar super-hiper-ultra radiante. Todo o teu físico rejubila de alegria e entusiasmo por tal notícia. E agora, na excitação e loucura do momento, perguntas-te: “E o que podemos nós encontrar nesta telenovela?” Ora jovem, tu que és jovem, devias saber perfeitamente que vais encontrar exactamente aquilo que encontrastes em todas as outras telenovelas. Queres um refrescar de ideias de como a TVI faz uma telenovela portuguesa de sucesso? Mesmo que não queiras, aqui vão os ingredientes principais que, concerteza, vais também encontrar neste novo e marcante momento televisivo:
- O genérico: Lembram-se das Mulheres de Areia ou da Tieta? Aqueles genéricos de mulheres nuas que se transformavam em montanhas e jorravam água não sei de que parte do corpo, que depois passava para aquele grafismo da gota que se junta a mais gotas que se juntam num poça e cuja poça vai – sabe-se lá como - dar ao mar? Era bonito, não era? Mas, isto no Brasil já foi ultrapassado, quê? prá aí uma década. Aparentemente ninguém avisou a TVI desse facto e ela teima em ter genéricos nesta linha. Sendo assim, porque razão esta nova telenovela devia quebrar a tradição? Afinal de contas, esta é a melhor maneira de fazer com que as mulheres anafadas (porque são as tripeiras do mercado do Bolhão que dão algumas audiências à TVI) percam tempo a ver estas telenovelas porque desejam ter um corpo daqueles e, ao mesmo tempo, os maridos bêbados destas, pois gostariam de ter uma gaja daquelas para fazer aquilo que a gente sabe e, uma vez que não a têm, para manter de alguma forma os calos da mão e os duches frios ainda uma rotina (sim jovem, é bom ser ordinarota);
- A música do genérico: A TVI é, provavelmente – ou talvez não – uma das televisões mais inteligentes no que toca às músicas que compõem os genéricos das suas telenovelas. Tudo se resume a isto: arranja-se um nome para a telenovela igual a qualquer música portuguesa. Assim, é só plagiar – algo que a TVI já faz tão bem – uma música ora dos Delfins (“Saber Amar”), ora do Paulo Gonzo (“Jardins Proibidos”) ora, como é o caso, do João Pedro Pais (“Ninguém como tu”). No caso de se arranjar um nome para uma telenovela que não tenha um equivalente numa música portuguesa, basta arranjar uma miúda estúpida do mercado do Bolhão (eu juro que não tenho nada contra essas senhoras) que se ponha a cantar “Quem quer Morangos com Açúcar?” ou então, e esta é sem dúvida a melhor opção, pedir ao Toy que componha e cante uma música. É sucesso garantido. Quem não se lembra desse grande hit telenovesco: “Duas vidas separadas pelo tempo, uma história de amor. Olhoooooooooooooooos de áaaaaaaaaaaaguuuuuuuaaaaa…”?
- Actores: Uma coisa pela qual a TVI também prima é o fantástico leque de actores que estão presentes nas suas magníficas telenovelas. Actores que ninguém conhece de lado nenhum mas, que não têm nem a ponta de um corno de talento. Por isso, é comum representações que nos fazem lembrar aqueles filmes muito antigos, em que as pessoas falavam ASSIM (ler, enfatizando as últimas palavras) ou então expressões faciais e/ou corporais ora demasiado exageradas (“Oh não, parti uma unha!!!!!!”) ou muito sem sal (“Pois, ya, ele morreu.”) – para mais exemplos consulta qualquer dos episódios de Morangos com Açúcar, especialmente aqueles em que as personagens Pipo ou Joana entram. Claro que uma telenovela, por mais desconhecidos que sejam os actores, também não pode deixar de ter esse grande par que é o Sr. Ruy de Carvalho e a Dona Eunice Munõz. Basta eles aparecem lá, de vez em quando, como avós não sei de quem, donos de uma qualquer tasca no Bairro da Madragoa e, mais uma vez é sucesso garantido. Inteligentes esses senhores da TVI, não são?
- Cenários: Coisas lindas como casas sempre arrumadas, sem pó em cima da televisão – que se está ligada tem de estar a transmitir qualquer coisa da TVI (é triste quando isto acontece mas é o mais comum). Quartos imaculadamente decorados e perfeitos, sem camas para fazer, sem roupa espalhada por cima da cama, sem coisas feias. Paisagens tão alucinantes e cruciais para o desenrolar da história, como o cais de Lisboa, a praia de Trrrrróia, o Cristo-Rei ou a Torre de Belém e algo indispensável: uma hora de ponta em plena ponte 25 de Abril. Isto preenche-me. A sério que sim…
- História: Ora o enredo resume-se naquela cópia integral de uma telenovela venezuelana em que a pobre, de seu nome Maria Rosa, filha do dono do depósito de sucata, se apaixona pelo rico, Carlos Marquez, filho do dono da empresa que deposita a merda da sucata no deposito do pai da pobre, que se conhecem por acaso porque ele quase que a atropelava mas, há a prima má que também gosta do gajo rico que é seu primo e que faz tudo para os separar. Depois, a pobre descobre que é irmã do rico, eles separam-se e durante esse tempo, o rico dorme com a prima. Mas, afinal a outra sempre não é irmã dele e então ele volta para a pobre mas a prima ficou grávida dele e isso dá uma grande inquietação à pobre, que é boa de mais para odiar o rico, e que além dos cornos ganhou uma doença terminal qualquer. Entretanto, a prima tem o bebé mas um dia morre num acidente de carro – caí da ponte abaixo - e então a pobre recupera de repente da doença e ela e o rico adoptam a filha do rico com a prima, têm mais uma porção de putos ranhosos e vivem felizes para sempre… Ufa, que isto custa! Afinal de contas, para quê história? Trata-se de uma telenovela da TVI. Mas de qualquer forma, tem de ser o “retrato fiel dos portugueses que já se apaixonaram pela nova telenovela da TVI que vence as audiências do horário nobre”. Deixa-me rir… (Jorge Palma, seu ganda maluco!)
Depois de tudo isto, eu sei jovem que a tua vontade de ver essa telenovela é imensa. Não percas essa oportunidade. Não queiras ser anti-social, como esse grande Cookie dizia.
Xúphia (a eterna crítica, perdão… admiradora da TVI e de tudo o que gira à sua volta)
quinta-feira, abril 14, 2005
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